O que é qualidade de vida no trabalho?

Assunto foi tema do quarto módulo do Curso Saúde do Trabalhador, realizado pelo Sintram/SJ. Os participantes também puderam conhecer a prática de Play Mobility

O Sintram/SJ realizou no mês de novembro o último módulo do Curso Saúde do Trabalhador. Desta vez, o tema foi “O que é Qualidade de Vida no Trabalho?”. O assunto foi apresentado pela psicóloga Cristina Corrêa e pela psicóloga e fisioterapeuta Alessandra Zappelini. Nesta última etapa, os participantes também puderam conhecer a prática de Play Mobility.

A psicóloga Cristina Corrêa respondeu algumas perguntas para explicar melhor o tema do quarto módulo do curso.

Sintram/SJ: Quais fatores do dia a dia estão relacionados à qualidade de vida no trabalho?
Cristina: Segundo pesquisas na área da psicodinâmica do trabalho, teoria desenvolvida por Christopher Dejours, a qualidade de vida no trabalho está relacionada à organização e às condições do trabalho, à história de vida do sujeito, à identificação com o trabalho que realiza, ao reconhecimento pelo seu desempenho, às relações interpessoais afetivas num ambiente mais colaborativo e menos competitivo, ao sentido que o trabalho tem na vida de cada um.

Sintram/SJ: Por que é importante abordar e debater esse tema?
Cristina: A relevância de tratar deste tema é não individualizar o adoecimento no ambiente de trabalho como se fosse algo específico do sujeito e assim perceber que são muitas as variáveis que influenciam neste processo. Além disso, o diálogo sobre qualidade de vida no trabalho pode auxiliar no desenvolvimento de alternativas criativas para melhorar a relação do sujeito com seu trabalho. É importante destacar ainda que quando o sujeito é reconhecido em sua atuação profissional, ele também ganha qualidade em sua vida de uma maneira geral, e sente prazer em ofertar seu trabalho com excelência.

Sintram/SJ: Quais atitudes podem resultar numa melhoria do ambiente de trabalho, visando, consequentemente, uma melhor qualidade de vida?
Cristina: A primeira mudança é melhorar a comunicação. Implicar o corpo neste processo por meio de atividades físicas criativas e promover diálogos que gerem reflexão sobre a temática. Outro ponto é o reconhecimento do trabalho do servidor por usuários e colegas, para que a pessoa se sinta aceita e valorizada. Além disso, trabalhar em ambiente colaborativo, fazendo o que gosta, com o sentimento de pertencimento a um coletivo e que com este se desenvolve. Isso tudo é fundamental. Por fim, e tão importante quanto o que já foi citado anteriormente, se refere à maneira como o trabalho é organizado e as suas  condições, que, quando dignas e construídas com a participação dos envolvidos, também influenciam fortemente nas melhorias do ambiente e na qualidade de vida no trabalho.

Sintram/SJ: O que cada trabalhador pode fazer visando um ambiente de trabalho melhor?
Cristina: Em tempos de retrocesso e retirada de direitos, é imprescindível que não se naturalize ou individualize o sofrimento, que não se banalize a injustiça social, que não se deteriore a ética profissional. Por fim, que a subjetividade não seja anulada, pois todos estes ataques influenciam diretamente na saúde do trabalhador, podendo levar ao adoecimento físico e mental, além de impactar em outras pessoas da sua convivência, seja na família ou no próprio ambiente de trabalho. É primordial desenvolver maneiras de dedicar esforços para que o trabalhador tenha o apoio para se reerguer em caso de adoecimento, bem como condições de promoção e prevenção de saúde para este trabalhador.

 

Play Mobility

Os participantes do quarto módulo do Curso Saúde do Trabalhador puderam conhecer a prática de PlayMobility, um conjunto de estratégias de movimentação humana utilizando ferramentas lúdicas para motivar as pessoas a se movimentarem.

A psicóloga e fisioterapeuta Alessandra Zappelini, uma das criadoras do método juntamente com o fisioterapeuta Bruno Montoro, explica que a ideia está baseada em padrões de movimentos naturais, partindo da evolução motora do corpo. Esses movimentos, explica, vão desde a quadrupedia, se manter de cócoras, saltar, caminhar, correr, pendurar-se entre outros.

Contudo, Alessandra ressalta que a prática de Play Mobility não é simplesmente indicar qual movimento a pessoa deve fazer. “As nossas estratégias e as ferramentas que usamos caracterizam técnicas de atividades relacionais, ou seja, a gente sempre faz com que as pessoas pratiquem as movimentações em grupo e que se relacionam entre si”, diz ela.

Especificamente para o Curso Saúde do Trabalhador, o objetivo foi abordar questões subjetivas como o conceito de autoridade, respeito ao ritmo do próximo, sobre o quanto é possível potencializar alguma característica pessoal por meio das próprias atividades relacionais de movimentação.

A prática de Play Mobility ainda está em processo de adaptação. As aulas são aplicadas em grupos, por exemplo, em locais públicos, usando os recursos que o próprio ambiente oferece, como o gramado e as árvores de um parque. Qualquer pessoa pode participar.

Saiba mais sobre os módulos realizados anteriormente

28/08 – Realizado o primeiro módulo do curso Saúde do Trabalhador
30/09 – “O que é adoecimento no trabalho?” foi o tema do segundo módulo do curso Saúde do Trabalhador
31/10 – Terceiro módulo do curso Saúde do Trabalhador aborda o tema “O que é assédio moral?”

Veja abaixo a galeria de imagens

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