Moção de repúdio às ações de violência contra a comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro

Os servidores municipais de São José, reunidos em Assembleia Geral, no dia 12 de maio de 2021, aprovaram Moção de Repúdio às ações de violência cometidas contra a comunidade de Jacarezinho no estado do Rio de Janeiro (RJ), que culminou na chacina de 28 pessoas.

Sob a justificativa de proteger crianças e adolescentes do crime organizado, a segurança pública do RJ entrou na favela no dia 06 de maio de 2021 para prender aliciadores de crianças e adolescentes para ações criminosas relacionados ao tráfico de drogas.

Tiroteios e operações como essa existem há muitos anos, mas nenhuma tão sangrenta, brutal e letal como essa. Balas perdidas matando crianças as quais teoricamente o Estado deveria proteger. O poder do crime organizado ocupou o vazio deixado por esse Estado. Há muito não há segurança e proteção por parte do Estado às pessoas que moram na comunidade. A violência atinge de forma massiva escolas e espaços comunitários, locais de convivência e de socialização entre crianças e adolescentes. E em que condições de sobrevivência vivem essas famílias? Onde acabam recorrendo por recursos?

Primeiro ponto a se destacar quanto a essa operação é o quanto fere o Estado Democrático de Direito, com uma violência truculenta assassina seres humanos em vez de seguir a constituição brasileira onde pessoas que supostamente cometem algum crime devem ser detidos, julgados e, se preciso, condenados e presos. No Brasil não existe pena de morte, e não cabe a segurança pública executar 28 pessoas em qualquer operação. Para lá foram com 21 mandados de prisão e executaram apenas 3. Mostrando que na prática a pena de morte atinge uma parcela específica da sociedade.

Porém outro ponto a se destacar dessa operação é que ela é muito parecida com muitas outras que já aconteceram e acontecem diariamente em comunidades exatamente iguais à de Jacarezinho, em nome da “guerra às drogas”. Sustentada pela filosofia do “bandido bom é bandido morto”. Quando na verdade com um caráter racista atinge justamente as famílias negras e mais pobres deste país.

É imprescindível que o estado do Rio de Janeiro responda por esta ação trágica e se responsabilize pela sua ausência de políticas públicas de saúde, assistência social, educação, esporte, cultura, habitação, saneamento básico, que realmente são estruturas que combatem ao crime organizado neste país. A política de segurança pública no Brasil, ainda vista como única solução a essa guerra, faz com que servidores da segurança sejam autorizados a escolher quem vive, quem morre. Enquanto não houver um olhar diferenciado sobre como uma organização criminosa se estrutura dentro da sociedade, jamais conseguiremos combatê-la.

O Sintram/SJ permanece na luta pela defesa das políticas públicas, para que as mesmas possam garantir direitos humanos à população, e se enraizar verdadeiramente dentro das comunidades, salvando vidas. Em defesa dos Direitos Humanos, da Democracia e do Estado de Direito.

Sintram/SJ – Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de São José
#SintramSJ

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