Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de São José

A parcela da sociedade que defende o Estado Democrático de Direito tem acompanhado cada dia mais apreensiva o rumo que o país toma, com seguidas ameaças de golpe e radicalização de discursos por vias institucionais. Não bastasse, a população brasileira vivencia uma crise econômica aguda, agravada por uma das maiores crises sanitárias da história do País.

O momento é singular e grave. Forças políticas reacionárias, tendo como seu principal representante o governo Bolsonaro, investem deliberados esforços para destruir conquistas de liberdade e democracia. As estruturas de governo, que deveriam servir ao povo, estão sendo utilizadas para arregimentar apoiadores que comungam das mesmas ideias reacionárias.

Isso tem provocado uma movimentação em diversos setores da sociedade brasileira. Ainda que sob variados slogans, o objetivo é um só: lutar contra o fascismo que já bate à porta.

Contudo, para ter consciência do que é ser antifascista, primeiramente é preciso entender o que é o fascismo. 

Infelizmente, o fascismo não deixou de existir em 1945, quando os regimes totalitários como o de Hitler, na Alemanha, e o de Mussolini, na Itália, foram derrotados na Segunda Guerra Mundial.

O fascismo carrega um conjunto de diferentes elementos que se combinam. O nacionalismo extremo e retrógrado, a supremacia branca e a direita radical, unidos na luta contra “inimigos” em comum e um falso sentimento de Nação. O fascismo encontrou, e encontra, um terreno fértil nos governos de direita ou extrema-direita, que buscam manter o capitalismo por meio da força, das armas e de todos os tipo de violência.

Além disso, o fascismo tem como objetivo destruir todo tipo de organização social que ousa questionar, combater e lutar por uma sociedade mais igualitária.

O resultado do fascismo é a miséria, opressão, a perseguição. É a destruição das forças que atuam em defesa dos trabalhadores. Não respeita ideologias, posições plurais, lutas coletivas, muito menos admite divergência de ideias. Não há garantias. Não há respeito ao ser. O povo torna-se um animal acorrentado. Não fala. Não pensa. Não escreve. Não se manifesta.

O fascismo é desumano. É anti-humano.

Junto com o antifascismo, ganha força também o movimento antirracismo, com o mote “Vidas Negras Importam”. É uma reação aos assassinatos de pessoas negras, principalmente pela polícia, nas periferias do País. A agenda ganhou fôlego com os intensos protestos nos Estados Unidos após a morte do negro George Floyd por um policial branco. No Brasil, o movimento ganha voz com diversas histórias que retratam a mesma realidade: Marielle, João Pedro.

Segundo dados da Anistia Internacional, a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. 

O racismo é um dos produtos do fascismo e cria raízes profundas na sociedade. A estrutura do atual sistema capitalista se alimenta da supremacia branca e seus “valores”, como o cristianismo e a família tradicional, fundamentações criadas para controlar os corpos não-brancos da sociedade.

Além de ser a população mais atingida pela vulnerabilidade social e falta de acesso à políticas públicas, também é a parcela da população em maior risco de sofrer as consequências do coronavírus.

Talvez os fascistas não tenham clareza da agenda que pretendem, mas, têm a certeza daquilo que não suportam. E essa parcela enxerga em Bolsonaro o ápice da representação de suas teses, construídas a partir do ódio à inimigos imaginários, a exemplo da “ameaça comunista” presente nos discursos fascistas desde o início do século passado. Na realidade, tornam-se inimigos todos aqueles que discordam de suas ideias.

É preciso fazer frente a isso tudo, fortalecendo uma Frente Única Antifascista e Antirracista com a participação de sindicatos, entidades de classe, movimentos populares, estudantis, juristas, artistas e todos aqueles que queiram se juntar ao movimento. É imprescindível a participação dos amplos setores da classe trabalhadora.

Os trabalhadores e trabalhadoras do setor público devem se colocar ao lado dos demais trabalhadores, bem como da população usuária das políticas públicas, no enfrentamento ao fascismo e ao racismo. Entre tantos outros aspectos, o projeto fascista no Brasil avança para a retirada de direitos conquistados pela classe trabalhadora.

É urgente reconhecer a gravidade do momento que se aproxima. Somente a resistência organizada, com apoio e participação popular, será capaz de cumprir a missão: abolir o fascismo do nosso horizonte.

Considerando a relevância e amplitude deste quadro, a direção do Sintram/SJ, em reunião por videoconferência na última quinta-feira (4), deliberou que apoiará as diversas iniciativas virtuais, simbólicas e presenciais de categorias e segmentos sociais que também defendem a democracia, lutam contra o racismo, protestam contra o governo Bolsonaro e exigem a sua saída. 

A direção do Sintram/SJ defende e ressalta ainda a necessidade vital de respeito à todas as exigências de proteção e biossegurança dos participantes de manifestações presenciais em relação à pandemia. E compreende que em muitas situações as manifestações e atos são as últimas alternativas em defesa de suas próprias vidas.

Continuamos na defesa prioritária pela vida. Para isso, os governos precisam proporcionar condições e estratégias para sobrevivência de micro e pequenas empresas, para a não demissão de trabalhadores e a garantia de renda básica digna para garantir o distanciamento social a todos, e não apenas a uma pequena parcela da população.

Aqueles que não participarem de ações presenciais, a direção do Sintram/SJ convoca a intensificar a participação e organização de mobilizações virtuais e nas redes sociais para pressionar governos e patrões. Na defesa dos direitos, das condições de trabalho, da vida e da democracia. Devemos estar engajados nas campanhas “Fora Bolsonaro” porque ele e seu governo são a causa principal do sofrimento do nosso povo e da classe trabalhadora.

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