Carta aberta ao governador do Estado de Santa Catarina

                                                       Florianópolis, 25 de Janeiro de 2022

Prezado Senhor,

A População Negra de Santa Catarina, atinge um número de, aproximadamente, 1,4 milhões de pessoas, de acordo com as informações mais recentes do IBGE. Isto equivale a 20% da População Catarinense. Como os demais grupos Étnicos, estamos aqui desde a Fundação desta Unidade da Federação, e no trabalho, que experimentou a ESCRAVIDÃO. Porém, com o advento da Abolição (1888) este Diploma Legal, não foi incorporado à ordem pública, disciplinada pela companhia da chegada da República(1889), no tocante ao melhoramento das vidas dos ex- escravos e ex-escravas.

Assim, conforme os registros de historiadores/as, sociólogos/as, geógrafos/as, estatísticos/as e demais cientistas: todos oficiais, com seus estudos vão afunilando um registro, permanente, de abandono público proposital, pela vida dos descendentes de Africanos, no território Catarinense.

Os indicadores sociais e econômicos caracterizam a efetivação de um Programa Contínuo de Desprezo pelos Negros, Negras, ou seja a VIDA DOS NEGROS E NEGRAS, EM SANTA CATARINA NAO IMPORTA AO GOVERNO DO ESTADO.

Esses indicadores foram obtidos pelas pesquisas do IBGE, ainda antes da pandemia (em 2019), pois agora o quadro deve estar pior. O estudo tratou das Desigualdades por Cor e Raça em Santa Catarina, queremos lhe mostrar alguns aspectos em relação à:

1. Em relação à população abaixo da linha da pobreza, temos:

– Brancos 6,8%

–  Negros 13%

2.  Rendimento das Mulheres Negras, é 69% menor que a dos homens brancos;

3. Salário per capita da população negra é 39,2% menor que a branca;

4. Em relação aos jovens de 18 a 24 anos que concluíram o ensino superior:

* Negros, 17,8%

* Brancos 37,2%

5. Em relação aos mortos pela Polícia Militar (2020), fonte G1 19/04/2021:

* Negros 22,9%

* Brancos 15,5%

Esta sinopse de dados, por si só, representa a persistente denúncia contra o impedimento aos Afrodescendentes, em se tornarem cidadãos e cidadãs.

Neste sentido, o abandono se estende à Segurança Pública, pois o comportamento do Estado Catarinense, estatisticamente, jornalisticamente e sociologicamente, apresenta um perfil discricionário, marcado pela inércia, indisposição no cumprimento das leis na defesa dos negros e negras. Especialmente, quando se trata de investigar crimes raciais contra os negros e negras.

Eis o ponto desta carta, precisando o acontecimento do último dia 15/01/2022, que, brevemente, noticiado pela imprensa, revelou a ocorrência de uma tentativa de assassinato, cercado de CRUELDADE, BARBARIE e INCIVILIDADE, acontecido, nos fundos de sua residência. Ali, na Beira Mar Norte, um homem negro foi queimado enquanto estava dormindo. Esse fato representa um escândalo que envergonha, e enxovalha, Povo e Governador de qualquer lugar do mundo, que se diz comprometido com a Evolução Humana.

A escalada das perplexidades aumentam, quando a Polícia Militar informa que as Câmeras de Monitoramento não estavam funcionando e, assim, simplesmente, os TERRORISTAS não poderiam ser identificados. Tudo isso estarreceu o Estado de Santa Catarina, que não acredita nesta versão da Polícia Militar, que enquanto INSTITUIÇÃO SECULAR, não pode carregar contra si essa desconfiança Pública. Pois isso desonra sua função e, coloca dúvidas severas, num órgão público em que a Sociedade precisa confiar.

Responsavelmente, exigimos de Vossa Excelência, que foi eleito para cumprir a Constituição e as Leis também com os votos de negros e negras, e nessa condição como mandatário maior do Estado, apure esse crime de ódio contra uma pessoa negra. Pois não é aceitável que numa região dos maiores PIBs do município, as Câmeras de monitoramento não funcionem.

Portanto, a sociedade e agora o Brasil clamam pela a apresentação dos autores e mandantes desse crime; suas motivações, considerando a presença operativa e atuante das mais de 60 células Nazistas, em SC, ou isso não é relevante?

Não permitiremos que o terror faça parte da vida dos nossos filhos, filhas, netos e netas, uma vez que o impacto psicológico, pretendido pelas ações terroristas consiste em impor o medo, a restritividade dos movimentos, o confinamento nos bairros, a diminuição da presença negra na cidade, ampliando assim a SEGREGAÇÃO RACIAL.

O ESTADO DE SANTA CATARINA, BEM COMO O PREFEITO DE FLORIANÓPOLIS POSSUEM A OBRIGAÇÃO DE RESOLVER ESSE CRIME.

Assim sendo, iremos ao IMPOSSÍVEL para apurar esse caso, pois não parecia possível resistirmos À ESCRAVIDÃO, e o fizemos. Assim como vamos Vencer o Racismo, mesmo que seja de Estado.

Contato: Professor Márcio de Souza – Presidente do CEPA

Celular: (48) 99977-0631

E-mail: mjpdesouza@gmail.com

ASSINAM: 

CONSELHO ESTADUAL DAS POPULAÇÕES AFRODESCENTES/SC (CEPA/SC);

SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DE SANTA CATARINA(SINTE);

SINDICATO DOS TRABALHADORES MUNICIPAIS DE SÃO JOSÉ(SINTRAM);

SINDICATO NACIONAL DOS SERVIDORES FEDERAIS DA EDUCAÇÃO (SINASEFE);

COLETIVO RAÇA E CLASSE;

COLETIVA BEM VIVER (BANCADA DO PSOL DA CAMARA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS);

BLOCO CULTURAL AFRICATARINA;

UNIDADE POPULAR/SC;

NÚCLEO DOS EVANGÉLICOS/AS DO PT;

ORGANIZAÇÃO SUBVERTA-SE;

ARTICULAÇÃO NACIONAL DAS MULHERES INDÍGENAS – SEÇÃO SC;

INSTITUTO LIBERDADE/SÃO JOSÉ;

ENTIDADE NEGRA BASTIANA/CRICIÚMA;

MOVIMENTO AFRODESCENDENTE FRANCISQUENSE/SÃO FRANCISCO;

MOVIMENTO DE CONSCIÊNCIA NEGRA DO VALE DO ITAPOCU;

FEDERAÇÃO DA UNIÃO DOS CULTOS AFRO BRASILEIROS (FUCAS/JARAGUÁ DO SUL);

COLETIVO PINTELUTE DESTERRO/FLORIANÓPOLIS.

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