Entender o serviço público pela ótica do trabalhador. Como é, e como deveria ser. Partindo dessa premissa, analisar e compreender os motivos que causam o adoecimento dos profissionais que atuam no setor público. Assim iniciaram os debates do segundo módulo do Curso Saúde do Trabalhador, que teve como tema central O que é adoecimento no trabalho? A etapa, realizada em final de setembro, contou com a participação do psicólogo Hubert Beck Neto e da assistente social Hellen Ribeiro Soares, que apresentou os conceitos básicos da Yoga e como a prática deste exercício pode influenciar no dia a dia dos trabalhadores.
Para Hubert, é fundamental compreender que existe uma discrepância entre a concepção de como deveria ser, como deveria funcionar o serviço público, e como realmente é. Ao analisar as respostas dos participantes, diz ele, foi possível perceber certas frustrações, que vão desde as condições de trabalho até questões pessoais. “Quando essas expectativas frustadas acontecem de maneira corriqueira e cotidiana, esse sentido de serviço público e de trabalho vai se esvaziando. E isso causa adoecimento”, afirma o psicólogo ao classificar o trabalho como uma parte importante da vida, que deve ser observada com atenção. “É preciso olhar de uma maneira bastante especial. Passamos muito tempo da vida trabalhando”.
Durante sua fala, Hubert fez uma explanação de como acontece esse processo de adoecimento. Para ele, não é possível “colocar saúde de um lado e doença de outro, já que a doença não é simplesmente a falta de saúde e a saúde não é simplesmente a falta de doença”. Ele explica a necessidade de aproximar esses dois conceitos, entendendo que um cotidiano de trabalho que não é satisfatório, com falta de estrutura, falta de motivação, de coleguismo, inevitavelmente vai causar o adoecimento do trabalhador.
O psicólogo cita ainda outros fatores, como as investidas contra os direitos desses trabalhadores, ou, em alguns casos, a falta de um plano de carreira adequado. Esse acúmulo de frustração culmina em adoecimento. Neste sentido, Hubert aponta a importância do movimento sindical ao promover debates sobre estes e outros temas, que impactam diretamente no dia a dia dos trabalhadores. “O sindicato é espaço de luta, e sem a luta de classe a gente não consegue se motivar para que as coisas mudem. Trazer essa reflexão é vital para prevenir e promover a saúde do trabalhador”. Ele também salienta que o Poder Público precisa ter o entendimento da continuidade do trabalho. Mais do que quatro ou oito anos, diz ele, esse tipo de ação deve ocorrer durante toda a carreira do servidor. “Empresa que não investe no trabalhador, perde mão de obra qualificada”, finaliza.
Olhar ‘para dentro’
Na segunda parte do curso, a assistente social Hellen Soares demonstrou de que maneira a Yoga pode auxiliar no dia a dia dos trabalhadores. “É uma forma de conseguir alinhar corpo, mente e espírito” diz ela.
Hellen explica que geralmente as pessoas só percebem o que está acontecendo quando são tomadas por uma dor física, algo que já está instalado. A prática de Yoga, diz ela, contribui para que esses sinais sejam percebidos de maneira mais fácil, antecipadamente, tomando consciência do estado mental e dos limites do corpo. “É uma forma de olhar ‘para dentro’. Sair do ‘automático'”.
Compreender os sinais que o corpo apresenta, ter a capacidade de perceber ambientes adoecidos e o quanto isso pode interferir no cotidiano, são benefícios que podem ser alcançados com a Yoga. Consequentemente, o serviço prestado terá um nível de qualidade diferenciado.
Ao final do Curso, Hellen realizou diversos exercícios da prática de Yoga com os participantes.
Próxima etapa
O 3º módulo do Curso Saúde do Trabalhador acontecerá no dia 31 de outubro, e terá como tema O que é assédio moral?
Participam desta etapa a psicóloga Graziele Justino e a psicóloga e fisioterapeuta Alessandra Zappelini. Neste dia está prevista a realização da prática de Lian Gong. É necessário fazer inscrição, e o formulário pode ser acessado aqui.
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