Na quarta-feira, dia 19, aconteceu o primeiro encontro do ano dos Coletivos de Juventude e de Combate ao Racismo do Sintram/SJ, com a roda de conversa: professores homens na Educação Infantil.
O tema foi debatido a partir da apresentação da pesquisa de mestrado “As contradições das relações entre patriarcado, capital e trabalho expressas na atuação de professores homens na Educação Infantil”, realizada pelo professor da rede municipal de Educação de São José e dirigente do Sintram/SJ, Lucas Kamers de Aguiar, e submetida ao Programa de Pós-graduação em Educação da UFSC, em 2023.
Conforme explicou o professor Lucas, a dissertação buscou entender por que existem tão poucos professores homens na Educação Infantil no Brasil, já que eles representam menos de 4% do total de docentes. “A presença masculina nessa etapa da educação é cercada de estranhamento por parte das famílias, colegas e gestores”.
A situação, explica, reflete estereótipos de gênero enraizados na sociedade, que associam o cuidado de crianças ao trabalho feminino, desvalorizando tanto a atuação das mulheres quanto a dos homens nesse espaço.
O estudo também analisou como o capitalismo e o patriarcado se entrelaçam para manter essas desigualdades. Historicamente, o trabalho doméstico e de cuidado foi atribuído às mulheres, enquanto os homens foram direcionados para funções consideradas da “esfera produtiva”. Na Educação Infantil, essa divisão se reproduz, reforçando a ideia de que o cuidado nessa etapa da educação é uma extensão do cuidado no ambiente doméstico e de um suposto “papel natural feminino”. Além disso, projetos de lei e políticas recentes têm retrocedido nas discussões de gênero, dificultando ainda mais a inclusão de homens nesse espaço.
A pesquisa conclui que a superação desse problema vai além de simplesmente aumentar o número de professores homens ou incluir debates de gênero nos currículos. É necessário enfrentar as raízes do problema, que estão ligadas ao modo de produção capitalista e à estrutura patriarcal da sociedade. “A verdadeira mudança só ocorrerá com a transformação desses sistemas, promovendo uma sociedade mais igualitária, onde o cuidado e a educação sejam valorizados independentemente do gênero de quem os exerce”.
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