A suspensão das aulas em Santa Catarina, desde o dia 19 de março, tem levantado a discussão sobre adotar ou não mecanismos de Educação a Distância como forma alternativa de ministrar conteúdos. Em São José, felizmente, a Secretaria Municipal de Educação tem tratado o assunto com cautela até então. Na avaliação do Sintram/SJ, esta é a forma mais correta de lidar com a questão neste momento atípico que o país vive.
Tendo como base a opinião de pesquisadores e cientistas reconhecidos internacionalmente, sabemos que o isolamento social é a medida mais eficaz para conter a pandemia do novo coronavírus. Ao mesmo tempo, concordamos quanto à importância de manter o vínculo escolar dos profissionais da educação com alunos e seus familiares. O desafio que se coloca é: como manter esse vínculo levando em conta a necessidade de isolamento social?
Quando pensamos em atividades online, a distância, diversos fatores devem ser considerados, como as especificidades da educação infantil, as condições das famílias na orientação das atividades e o nível de acesso e uso das tecnologias, tanto por parte dos professores como dos educandos.
Diante do atual cenário de pandemia, é inapropriado adotar de maneira formal e sem a devida discussão a modalidade EaD. O assunto demanda um debate aprofundado a respeito de inúmeros aspectos, entre eles, investimentos em equipamentos e recursos humanos. Ainda assim seria necessário ouvir técnicos, especialistas, profissionais da educação, alunos e familiares.
É salutar que a Secretaria Municipal de Educação tem divulgado sugestões e ideias de interação entre alunos e professores, propondo que as ações sejam realizadas dentro das condições de cada profissional da área. A Secretaria disponibilizou uma página na web com dicas de atividades educacionais para cada ano escolar, além do “espaço família”, com algumas orientações para a organização dos estudos durante este período. (https://saojose.educarweb.net.br/portal/demo/#/home)
Outro ponto a ser destacado é o fato de que muitos usuários do sistema municipal de ensino têm a escola como o principal espaço de alimentação. É louvável que a comunidade escolar esteja mobilizada em organizar a coleta e distribuição de mantimentos, porém, o poder público precisa agir nesse momento para garantir alimentos às famílias em situação de vulnerabilidade. Se em período letivo invariavelmente ocorreria o fornecimento de alimentação, que se encontrem alternativas, juntamente com os profissionais da Assistência Social, para manter esse suprimento durante o período de suspensão das atividades.
O Sintram/SJ irá acompanhar este tema com toda a proximidade e seriedade que o assunto exige. Entendemos que, neste contexto de pandemia, talvez seja necessária uma adaptação brusca, inesperada, imposta por fatores externos. Porém, não será aceita qualquer medida que possa violar as condições de trabalho e de saúde dos profissionais da área.
É fundamental que a Secretaria Municipal de Educação estabeleça um amplo diálogo para encontrar alternativas de como manter o contato entre professores e comunidade escolar e ao mesmo tempo respeitar a jornada de trabalho desses profissionais. Também caberá aos gestores providenciar a capacitação dos trabalhadores quanto ao uso da tecnologia que venha a ser adotada.
Igualmente, não serão aceitas exigências que não estejam ao alcance dos familiares.
Destacamos ainda que, independentemente das ferramentas tecnológicas utilizadas, o método deve ser acessível a todos, considerando a pluralidade de aspectos que compõem a rede municipal de ensino de São José e a premissa de que nada substitui as relações humanas na construção coletiva do conhecimento.
A defesa sempre foi e sempre será por um serviço público de qualidade.
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