Sintram cobra providências em relação às agressões a servidores da Saúde

Servidores que atuam em unidades de Saúde de São José têm denunciado a ocorrência constante de agressões físicas e verbais contra os trabalhadores. A situação é resultado do não atendimento das demandas de quem procura os serviços de saúde no município.

Ainda durante o mês de março, o presidente do Sintram/SJ, Marcos Aurélio dos Santos, e a secretária Geral do Sindicato, Ivanice Alves, estiveram presentes em duas reuniões para tratar do tema. Uma delas no Centro de Saúde do bairro Bela Vista e a outra no Centro de Saúde do bairro Forquilhinhas. Nos dois locais já houve registro de casos de violência.

Bela Vista

No Centro de Saúde do bairro Bela Vista, estiveram presentes na reunião, além dos representantes do sindicato, a secretária de Saúde, Sinara Regina Simioni; o secretário adjunto da pasta, Udo Hawerroth; a diretora de Atenção Básica, Fabrícia Martins; a coordenadora da unidade; e também diversos trabalhadores que atuam no local.

O presidente do Sintram/SJ explica que, em razão do aumento significativo das ocorrências de agressões aos servidores em seus locais de trabalho, se faz necessária a intervenção e o acompanhamento da questão por parte do sindicato. Esses profissionais, diz ele, estão tendo suas vidas profissionais e pessoais afetadas por tais acontecimentos.

A diretora da Atenção Básica, Fabrícia Martins, relatou que os casos de agressões contra os servidores têm sido recorrentes. Ela defendeu a necessidade de investir em segurança e sugeriu a contratação de vigilantes que atuariam nas unidades de Saúde como uma das medidas a serem tomadas.

Já a secretária de Saúde, Sinara Simioni, afirmou que a contratação de uma empresa de segurança não acontece rapidamente. A proposta, diz ela, precisaria ser analisada com cautela, pois geraria custo ao município.

Sobre esta proposta, o presidente do Sintram/SJ destaca que a entidade se posiciona contrária a tal medida, pois caracteriza a terceirização do serviço público. O sindicato, diz ele, luta pela realização de concurso público, e neste caso deixa claro que não concorda com a contratação de uma empresa terceirizada.

Outro ponto problemático, explica Marcos, é o novo sistema de atendimento da farmácia nas unidades de Saúde. Muitas vezes, relata, o programa está fora do ar, além de ser extremamente lento e com demora excessiva no cadastramento do paciente para a entrega do medicamento. Tal sistema também é objeto de reclamações por parte dos próprios servidores.

Soma-se a isso o fato de que o paciente não consegue ser atendido, seja no fornecimento de uma medicação, na liberação de exames ou uma consulta médica. Com a negativa dessas demandas, demonstrando a atual ineficiência dos serviços como um todo, acabam ocorrendo as agressões.

Os servidores se sentem inseguros em atuar nas unidades, consequentemente gerando problemas de saúde que acabam no afastamento do trabalhador por licença médica, agravando ainda mais o quadro já deficitário do sistema municipal de Saúde.

Reivindicações

Diante deste cenário, os servidores solicitam que medidas sejam tomadas, como a adequação dos espaços físicos, que não comportam mais a demanda dos usuários, e acabam comprometendo o atendimento. Sobre a questão da segurança, os trabalhadores aceitam como medida emergencial a presença mais frequente de agentes da Guarda Municipal para coibir casos de agressões.

Ao final da reunião, a secretária de Saúde concordou com as reivindicações e se comprometeu em solicitar junto à Guarda Municipal a presença mais efetiva de agentes nas unidades de Saúde. Ela também reconheceu que a unidade do bairro Bela Vista necessita de ampliação e afirmou que o assunto está sendo estudado.

Forquilhinhas

Também no Centro de Saúde do bairro Forquilhinhas foi realizada uma reunião para tratar do mesmo tema: agressões aos servidores. Entretanto, esta unidade, especificamente, será fechada no dia 15 de abril para reforma. A partir desta data, haverá um remanejamento de servidores e também do atendimento à população, que deverá se dirigir a outros locais.

Diante disso, as tratativas sobre casos de violência nesta unidade acabaram ficando em segundo plano, já que a estrutura ficará fechada por um período. A secretária Geral do Sintram/SJ, Ivanice Alves, alerta que, independentemente da reforma, por sinal aguarda há bastante tempo, a situação de insegurança continuará. Ela explica que o redirecionamento da população para outros locais irá igualmente sobrecarregar o sistema em outras unidades. Permanecerá a preocupação do sindicato com os servidores, visto que o problema não foi efetivamente resolvido, diz Ivanice.

O presidente Marcos Aurélio demonstra o mesmo receio. Ainda que seja por um bom motivo, como a reforma do prédio, o fechamento da unidade poderá gerar insatisfação dos usuários, resultando mais uma vez em casos de violência. Tal opinião também é compartilhada pelos próprios funcionários, que pedem medidas emergenciais em relação a isso.

A diretora de Atenção Básica, Fabrícia Martins, se comprometeu mais uma vez em pedir o apoio da Guarda Municipal no intuito de impedir que novos casos de agressões aconteçam. Já o secretário adjunto afirmou que até o retorno das atividades naquela unidade, medidas mais efetivas serão tomadas.

Avaliação do Sintram/SJ

Para a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de São José (Sintram/SJ), a triste realidade de agressões ocorridas contra os trabalhadores do sistema de Saúde tem impactado direta e negativamente no atendimento à população.

Servidores inseguros, unidades sem condições estruturais adequadas e a dificuldade na obtenção de medicamentos, consultas e exames, contrastam com discursos eleitorais recentes, quando a bandeira da Saúde foi apresentada como prioridade.

O acesso à saúde é um direito de todos, inclusive do próprio servidor. Isso implica em proporcionar um ambiente de trabalho saudável, com condições adequadas de atuação. É obrigação da Administração Pública de São José zelar por um sistema eficiente, abrangente, e que garanta atendimento a todos que necessitam.

Acolhimento humanizado se dá com profissionais qualificados, estruturas e materiais apropriados, além de um quadro de pessoal satisfatório e condizente com a demanda, o que, infelizmente, não tem sido verificado no município de São José.

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