Reformas pra quem? A importância do debate em torno das reformas trabalhista e da previdência

Mesmo sucumbindo com denúncias de corrupção por todos os lados, Temer e seus aliados querem afagar o mercado em empurrar essas duas reformas antes do fim eminente do seu governo.

Desde a queda da presidente Dilma Roussef, o atual mandatário vem tomando medidas que afetam diretamente a classe trabalhadora e, também, as pessoas de baixa renda. Com a desculpa de que o país precisa sair da crise, Temer e um congresso majoritariamente voltado a interesses das grandes corporações, começaram a impor uma série de alterações que visam à retomada da economia. Apoiados em reuniões fechadas com investidores internacionais e com o FMI, o atual governo, a partir do ano passado, levou a cabo a reforma no orçamento da união, congelando investimentos nas áreas mais sensíveis da sociedade por 20 anos – educação, saúde e o sistema de proteção social regido em diversas frentes como Bolsa Família, Seguro Desemprego e outros programas sociais que atendiam as populações em situações de vulnerabilidade.

Para assegurar um amplo apoio da população em torno do debate, o governo federal aumentou as verbas de publicidade, para que a grande mídia apóie as reformas que estão por vir. Em matéria publicada no Estado de S. Paulo no dia 10 de abril, sobre a publicidade em torno da reforma da previdência, mostra como o governo vem comprando os principais interlocutores da mídia a fim de enfraquecer a resistência em torno das mudanças. Essa massificação, apoiada com mensagens do tipo “Previdência. Reformar hoje para garantir o amanhã”, esconde o que há de mais vil por trás da reforma, jogando no colo da população o rombo que empresas, governos estaduais e prefeituras fizeram no sistema de previdência do país – cerca de 500 bilhões em dados atuais.

Outra desfaçatez do atual governo é em relação às alterações das leis trabalhistas. Novamente o governo vem utilizando a mídia e formadores de opinião para dizer ao povo que essa reforma modernizara os vínculos empregatícios e dará mais dinâmica nas contratações e, com isso, aumentando o número de empregos. Esses eufemismos escondem o que há de verdade por trás disso, que é precarização das leis trabalhistas. Se por um lado, governo e interlocutores dizem que não vai haver alterações nos direitos como 13° salário, férias etc, por outro lado, essa reforma esconde o fato que o acordo entre patrão e empregado sobressairá ao que foi legislado, ou seja, dessa forma, os tribunais do trabalho já não terão mais necessidade de existirem e nem os sindicatos.

Por isso se torna importante o debate em torno das reformas propostas pelo atual governo, já que, se depender da mídia e dos formadores de opinião, a população e muitos trabalhadores aceitarão as reformas sem nenhum questionamento. Faz-se necessário o debate e, também, usar a força das redes sociais para que a verdade seja esclarecida. Os trabalhadores e trabalhadoras não podem ser o elo mais fraco do jogo entre governo e mercado. Aliás, um governo envolvido até o pescoço em escândalos com mais de dois terços dos legisladores sendo investigados, não é um governo que tenha legitimidade para impor quaisquer alterações constitucionais.

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