Sintram-SJ denuncia a precariedade do sistema de saúde de São José

Sindicato visitou duas unidades de saúde e relatou sobre a falta de condições de trabalho para os servidores.

O descaso da prefeitura de São José com a saúde pública chegou a tal ponto que, no dia 21 de outubro, os servidores do Centro de Saúde de Forquilhas, acionaram o Sintram-SJ para denunciarem o estado em que se encontravam as condições de trabalho no local. Os profissionais ameaçavam uma paralisação devido à excessiva demanda de atendimento a população. Somente neste centro, cada ESF (Equipe de Saúde da Família) atende um número três vezes maior do que o recomendado pelo Ministério da Saúde. Para se ter uma ideia da defasagem no sistema de saúde pública de São José, a cobertura das ESFs gira em torno de 60% do município, o que faz com que os Centros de Saúde trabalhem com sobrecarga de atendimento, afetando a qualidade do trabalho dos servidores da saúde.

Essa situação se deve a falta de profissionais da saúde no município, já que, com o aumento da população há uma maior demanda de atendimento. Para resolver o problema, o Sintram-SJ se reuniu com a Atenção Básica e os servidores da unidade e ficou estabelecido que o Centro de Saúde de Forquilhas teria prioridade em receber os novos servidores chamados em concurso público.

Tapa buraco – Mesmo com a construção do Centro de Saúde do Ceniro Martins, inaugurado as pressas em setembro devido à disputa eleitoral, não houve na prática uma maior oferta no serviço de saúde, já que a prefeitura realocou funcionários de outras unidades para o local. O que fez com que os outros Centros ficassem defasados com a redução de servidores transferidos para o Ceniro Martins.

O Centro de Saúde Ceniro Martins, uma das promessas de campanha da prefeita reeleita Adeliana Dal Pont, custou cerca de R$ 954 mil e foi inaugurado sem as mínimas condições de trabalho para os servidores da saúde. Em visita ao local o Sintram-SJ constatou a precariedade das instalações. Grande parte da unidade não possuía energia elétrica, as linhas telefônicas não funcionavam e o SISREG (Sistema de Regulação – marcação de especialidades e exames) também não estava operando, assim como a coleta de preventivo e imunização. Além disso, a sala de odontologia não havia móveis, além de um compressor instalado no interior da sala, o que não é permitido devido ao barulho.

A precariedade e o descaso estão por todos os lados no Centro de Saúde Ceniro Martins. A imagem mostra o descarte irregular de lixo contaminado numa sala improvisada dentro do centro de saúde.

Alessandra Gorges, diretora do departamento dos profissionais da área civil e saúde do Sintram-SJ observou que, “esta é uma realidade que vem se consolidando ao longo do tempo no município de São José, observamos a precarização dos serviços de saúde com o déficit progressivo da cobertura das ESF e as novas Unidades de Saúde que estão sendo inauguradas não estão resultando em melhoria do acesso a população e muito menos em melhores condições aos servidores”.

A diretora ainda alerta quanto à terceirização do serviço público na área de saúde, já que a prefeitura alega não ter verba suficiente para manter os centros de saúde do município. A Secretaria de Saúde de São José vem divulgando aos próprios servidores que a Policlínica de Forquilhinhas será administrada por uma OSS (Organização Social de Saúde), entidade sem fins lucrativos que gerenciariam os serviços de saúde. O que, na prática, desobrigaria o município de abrir novos concursos públicos, delegando as contratações a OSS que não teria nenhuma obrigação trabalhista, podendo demitir e impor salários mais baixos e não seguir as mesmas regras trabalhistas dos servidores públicos.

 

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